Bem-vindos




sexta-feira, 1 de julho de 2011

Um clássico em pleno século XXI

Alexandre Matos
Se eu tivesse que recomendar um único filme em 2011, não teria dúvidas: Meia Noite em Paris. O longa, dirigido por Woody Allen, é simplesmente espetacular. O cineasta presenteia o público com uma trama envolvente, repleta de referências e, acima de tudo, uma importante lição de vida. São cem minutos de prazer incomensurável. A comédia romântica exalta toda a beleza da Cidade Luz. É, sem dúvida, uma ode a Paris.


Uma beleza
A cena inicial já dá o tom do filme. Ao som de Cole Porter, Woody Allen usa e abusa com lindas imagens da capital francesa. As ruas, os monumentos, o brilho, as pessoas, as esquinas, as brasseries, os cafés e o adorno da chuva. É simplesmente extasiante.

O filme é uma pérola, daquelas que devemos ter em casa. Daqui a dez anos, ao abrirmos a gaveta, lá está.

Estrelado por Owen Wilson e Rachel McAdams, Meia Noite em Paris conta com as participações de luxo de Marion Cotillard e Kathy Bates. A primeira-dama francesa, Carla Bruni, também faz uma ponta e dá conta do recado.




A viagem

Em Meia Noite em Paris, Woody Allen transporta o personagem principal para uma viagem no tempo. Gil Pender – interpretado por Owen Wilson - é um roteirista americano que considera suas obras um lixo e pretende largar tudo para se tornar um escritor.

Em visita à cidade com a noiva (Rachel McAdams), o personagem vive um romance exageradamente saudosista, tudo é pretexto para se lembrar do passado e dos que fizeram arte ao beber da fonte, que é a Cidade Luz. Numa certa noite, após umas taças de vinho, Pender caminha pelas ruas de Paris e acaba "viajando" no tempo e vai parar na década de 20. Lá, ele descobre uma grande verdade.


A receita

O cineasta explora toda a beleza da Cidade Luz, adiciona grandes ícones da literatura e da arte para falar que o melhor do mundo é o aqui e agora, sem nostalgia nem expectativas. Estamos sempre em movimento e construindo a história. Temos de tirar o chapéu, pois o cara é genial.


Woody Allen busca referências da literatura e da arte para eliminar o saudosismo. Com isso, entram em cena famosos escritores, como Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, os artistas plásticos Picasso, Matisse, e os surrealistas Salvador Dalí e Luís Buñuel.

Imagine se em algum momento você tomar umas e outras e viajar até a década de 20, época de experimentação e mudança na linguagem brasileira. Vivenciar as transformações políticas e culturais do país e toda a agitação da Semana da Arte Moderna.

O rompimento com o passado e a introdução do Modernismo na literatura e artes plásticas. Ter a oportunidade de conviver com nomes sagrados do imaginário brasileiro, como Drummond, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade. Entrar num bar e bater aquele papo com Tarcila do Amaral e arriscar alguns comentários sobre a antropofagia de sua pintura, então representada por Abaporu. Tudo isso é possível na pérola que Woody Allen nos presenteou.





terça-feira, 14 de junho de 2011

Sábado é dia de vacinar a criançada




Farmanguinhos/Fiocruz promove campanha de vacinação contra paralisia infantil e sarampo

Alexandre Matos
Farmanguinhos/Fiocruz promoverá a primeira etapa da campanha de vacinação contra a poliomielite (em crianças de até cinco anos) e o sarampo (crianças de até sete anos), no próximo sábado (18/6), das 8h às 17h, no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá. O evento faz parte do tradicional Fiocruz pra Você, realizado há 18 anos em Manguinhos e há sete no campus Jacarepaguá, onde são esperadas cerca de três mil crianças. Além da vacinação, o Instituto oferecerá serviços de saúde e orientação jurídica aos cidadãos.

Durante a imunização, serão disponibilizados alguns serviços, entre eles o exame preventivo de câncer de mama, teste de Hepatite C, verificação da pressão arterial, testes de glicose e prevenção do glaucoma. As crianças aprenderão a forma correta de escovar os dentes, com aplicação de flúor. A Defensoria Pública do Estado fará atendimento judicial nas áreas da família, cível, fazenda pública, além de oferecer gratuidade na emissão de documentação. Será oferecido o serviço de corte de cabelo. A Unidade de Polícia Pacificadora – UPP – também estará no local orientando as pessoas sobre a resistência ao uso de drogas.

Após a vacinação, a população poderá participar de atividades culturais e recreativas, com a apresentação de artistas com números de dança, teatro, balé. Haverá também apresentação de coral, recital de poesias e grupo de forró. Durante todo o dia serão distribuídos algodão doce, maçã do amor, pipoca e picolé para a criançada.

O Fiocruz Pra Você é um projeto que visa à integração e ao engajamento dos funcionários e das comunidades vizinhas, promovendo saúde, diversão e solidariedade. Participam do Fiocruz Pra Você, no campus Jacarepaguá, a Defensoria Pública Estadual, o Lions Club do Brasil, o Centro de Referência da Juventude da Cidade de Deus, a Guarda Municipal do Rio, Furnas, SESC, Coordenadoria Regional de Saúde, DETRAN, LAMSA, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Centro de Referência Hélio Fraga/Fiocruz, Grupo Alfazendo, Caixa Econômica Federal.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fim de semana chuvoso e com temperatura baixa no Rio de Janeiro. A dica é boa companhia para o cinema e depois um lugar aconchegante para fechar a noite

Alexandre Matos
Quem procura um filme leve, mas com conteúdo, não pode deixar de assistir Minhas tardes com Margueritte, do francês Jean Becker. O filme é classificado como comédia dramática, mas não tem nada de engraçado. Protagonizado por Gérard Depardieu e Gisèle Casadesus, o longa mostra a relação de afeto que se cria entre os dois estranhos. Um filme gostoso de ser assistido, principalmente pela delicadeza. O diretor aborda o tema com muita sensibilidade sem correria, nem gritos ou grandes rompantes dramáticos.

O rude Germain e a velhinha, apaixonada por livros, Margueritte se encontram por acaso no parque de uma cidadezinha no interior da França. Germain é um semi-analfabeto, que fala um monte de bobagens. Ao longo da história, percebe-se que o obtuso tem um coração enorme. Margueritte é uma senhora solitária, que mora num asilo. Ambos se tornam a companhia ideal um para o outro.
Inicialmente, uma conversa normal entre duas pessoas estranhas. Despretensiosamente, Margueritte recita versos e instiga Germain a descobrir a magia dos livros, que nunca fizeram parte da vida dele. É neste momento que aflora esta súbita, linda e eterna amizade. Os dois passam a se ver diariamente no mesmo parque, onde a doce velhinha lê livros para o bonachão Germain. O grandão mergulha no universo literário e é instigado a ler.

Minhas tardes com Margueritte segue até o fim sem cair no clichê. A direção perfeita de Becker não deixa o filme apelar para lágrimas. Os personagens são verdadeiramente humanos com histórias de vida comuns.

Outra ótima pedida é o documentário brasileiro Quebrando o tabu. O filme dirigido por Fernando Grostein Andrade nos remete a um debate frontal sobre a descriminalização das drogas. Com 80 minutos, o documentário faz um apanhado histórico sobre o uso de drogas pelo ser humano. A maconha fica em primeiro plano, apontada como menos nociva que bebidas alcoólicas e o tabaco. Mas outras drogas mais potentes também são abordadas. O tema divide opiniões e ainda é um tabu no Brasil. Portanto, esta é uma oportunidade de desenvolver o senso crítico e absorver diferentes opiniões.

O ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, funciona como um âncora do programa, mostrando situações e ações em diversos países. FHC faz uma análise ao debater o tema com especialistas e leigos. O filme apresenta ainda argumentos e declarações de personalidades como os ex-presidentes americanos Bill Clinton, George Bush (o pai) e Jimmy Carter. Além disso, expõe experiências do médico Drauzio Varella, do escritor Paulo Coelho e do ator mexicano Gael Garcia Bernal.


A direção usou com inteligência os recursos de arte gráfica, uma estratégia pouco explorada em documentários brasileiros. Com isso, o cineasta une equilibradamente animação e sobriedade sem perder o enfoque principal do filme: uma discussão aberta para por fim a esse tabu.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Genialidade de Nelson Rodrigues com doses shakespeareanas


Alexandre Matos
Esta é a última chance de conferir um espetáculo que une a genialidade de Nelson Rodrigues, os conceitos de Gilberto Freire em Casa Grande e Senzala e a competência de Newton Moreno. Memória da Cana é simplesmente arrebatador. Baseado na peça Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, a adaptação e direção de Newton Moreno têm doses shakespeareanas de tragédia contemporânea. A peça é interpretada pela companhia de teatro paulista Fofos Encenam. Uma excelente oportunidade de ver teatro de verdade, como nos velhos tempos, quando predominava a interpretação e o tema.

A peça é dirigida brilhantemente por Newton Moreno. O diretor rompe com todos os padrões e explora relações incestuosas, traições e intrigas numa família conservadora de uma sociedade retrógrada. A história é transportada para o nordeste brasileiro de Gilberto Freire, o que comprova a universalidade do tema. O espetáculo é uma crítica à sociedade hipócrita e conservadora. O enredo aborda as relações de uma família nordestina marcada por conflitos num ambiente em que predominam o ódio, a inveja e a conspiração.

O cenário intimista lança o espectador para a casa dessa família, comandada pelo patriarca Jonas. A disposição do público segue a divisão da casa em cômodos. As paredes são representadas por cortinas transparentes. A sala fica bem ao centro, onde se passa a maior parte das cenas. O espetáculo é digno de um estudo psicanalítico e antropológico.

Memória da Cana está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB - de quarta a domingo, às 19h30.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nova arma contra a dengue


Farmanguinhos transfere tecnologia do Bioinseticida BTI
O inseticida biológico, usado contra o vetores da dengue, malária e filariose, deve ser comercializado em dois anos

Alexandre Matos
Farmanguinhos, assinou, na última sexta-feira (15/4), acordo de cooperação tecnológica e licença de patente com a empresa BR3 S/A, vencedora do edital para a produção do Bioinseticida BTI, desenvolvido pelo Instituto. A empresa passa a ter exclusividade dos produtos de origem biológica criados para combater os mosquitos transmissores da dengue, malária e filariose, três das principais doenças tropicais que matam milhares de pessoas todos os anos no Brasil.

Acompanhado de Paulo Gadelha - presidente da Fiocruz - e outros representantes da Fundação, o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, parabenizou os envolvidos no estudo do novo produto e destacou a importância desta parceria para controlar o vetor da dengue. O diretor lembrou a atuação da área de biotecnologia de Farmanguinhos, inclusive nos esforços para internalizar a tecnologia da insulina humana recombinante.

A pesquisadora responsável pelo desenvolvimento do Bioinseticida BTI, Elizabeth Sanches, explicou a ação do BTI e o impacto sobre o homem. “O produto atua especificamente sobre as larvas dos mosquitos, o que permite mais eficácia e maior abrangência. Além disso, não causa impactos ao meio ambiente nem oferece risco à saúde do homem, pois é de origem biológica e esperamos que ele substitua o químico”, ressaltou.

O diretor-presidente da BR3 S/A, Rodrigo Perez, afirmou que pretende colocar o bioinseticida ao alcance da população, em supermercados, por exemplo. “Vamos produzir conforme a demanda do mercado. Mas o nosso principal objetivo é privilegiar campanhas de saúde pública”, informou. Perez disse ainda que outro propósito é exportar o BTI, visto que a dengue está presente em vários países.

A expectativa é que o bioinseticida BTI comece a ser comercializado dentro de dois anos. Para isso, a BR3 vai investir inicialmente R$ 2 milhões. Perez disse que, na segunda etapa, vai aumentar os investimentos com a construção de uma planta de processo no município de Taubaté, no estado de São Paulo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fiocruz promove palestra sobre a crise no jornalismo científico

Seminário é gratuito e aberto ao público sem necessidade de inscrição prévia

  
O Museu da Vida da Fiocruz promove palestra para discutir a crise no jornalismo científico. O seminário A Crisis of Science – Journalism? será proferido pelo professor da London School of Economics, Martin W. Bauer. O evento acontece na próxima segunda-feira (11/4), às 10h no Museu da Vida - campus da Fundação, em Manguinhos. É importante ressaltar que a palestra, em português, é gratuita e aberta ao público sem necessidade de inscrição prévia.

Nos últimos anos, o declínio da popularidade dos jornais impressos e o sucesso da internet como fonte de informações geraram debates sobre uma suposta crise do jornalismo nos Estados Unidos e na Europa. Esse sentimento preocupa também os profissionais de comunicação científica.

O palestrante vai apresentar resultados de uma pesquisa recente com profissionais de diferentes partes do mundo, que avaliou o sentimento de declínio que atinge esta categoria de jornalistas e identificou as principais causas. O estudo apontou algumas preocupações, como a falta de equilíbrio entre a reportagem independente e a replicação de materiais de assessorias de imprensa.

Bauer é professor do Instituto de Psicologia Social e Metodologia de Pesquisa na London School of Economics, onde dirige também o curso de mestrado em Comunicação Social e Pública, e edita a revista Public Understanding of Science. Além disso, é autor de vários livros e artigos na área de jornalismo e divulgação científica.


O evento faz parte da programação dos Seminários em Divulgação Científica, do curso de Especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde da Fiocruz.

Serviço:
Seminário: A Crisis of Science - Journalism?

Por Martin W Bauer - London School of Economics

Data e horário: Segunda-feira, 11 de abril, às 10h

Local: Tenda da Ciência, no campus da Fiocruz (Av. Brasil, 4.365, Manguinhos, Rio de Janeiro)

Telefone: 3865-2276

domingo, 13 de março de 2011

Exposição conta os cinqüenta anos de história de Glauco Rodrigues

Mostra reúne obras de todas as fases da produção gráfica do artista

Alexandre Matos

Na próxima terça-feira (15/3) será aberta a exposição O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues, na Caixa Cultural, no Centro do Rio. É a primeira retrospectiva em homenagem ao artista gaúcho, Glauco Rodrigues - um dos expoentes da arte brasileira contemporânea, falecido em 2004. Mais de cinqüenta anos de história poderão ser vistos nas 123 obras distribuídas na Galeria 3 do espaço. A abertura começará às 19 horas com o lançamento do site oficial da exposição.

Muitas pessoas talvez nunca tenham visitado uma exposição de Glauco Rodrigues, mas com certeza devem ter admirado alguma obra do pintor. É dele o painel do aeroporto de Salvador, da Fundação Oswaldo Cruz e da Academia Brasileira de Letras.

O curador da exposição, Antônio Cava, informa que Glauco Rodrigues foi um artista completo. Além de pintor renomado, o gaúcho de Bajé foi também mestre do desenho, gravador, ilustrador e cenógrafo. “É inesquecível o São Sebastião do disco do João Bosco, a tipografia do livro Morte e Vida Severina ou o cartaz do filme Garota de Ipanema”, ressalta.

Para ter uma idéia da importância de sua obra e de seu prestígio, o artista possui mais de 50 exposições individuais e incontáveis coletivas além de participar de várias bienais de arte no Brasil e no exterior. Portanto, O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues além de ser uma retrospectiva abrangente sobre o artista, é também uma homenagem a Glauco.

Engajamento político
Durante o regime militar, Glauco retratou em metáforas tudo o que acontecia. Apesar da censura, sempre denunciou a ignorância do regime. “Foi justamente por ter esta atitude de liberdade diante da vida, que Glauco conseguiu registrar o seu tempo da maneira mais genial e criativa”, lembra Cava.

Uma citação de Ferreira Gullar teve grande influência em sua obra: “...o que é vanguarda num país desenvolvido será vanguarda num país subdesenvolvido?”.  Glauco refletiu sobre o Brasil através da arte. Quando todos os artistas saíam da pintura e do cavalete, ele defendeu a idéia de que o que caracteriza a pintura contemporânea não é a relação com o espaço, mas a redescoberta da profundidade na própria tela. Para o pintor, o verdadeiro ato de vanguarda era um quadro com moldura. O artista inovou e fez uma pintura à altura da luminosidade brasileira.

Patrocinada pela Caixa Econômica Federal, a mostra fica exposta no Rio de 15/3 a 8/5, uma boa oportunidade para o carioca descobrir as maravilhas do universo de Glauco Rodrigues. Do Rio, a exposição segue ainda para São Paulo (28/6 a 21/8), depois para Curitiba (30/8 a 16/10).

Serviço:
Exposição: O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues
Abertura: terça-feira (15/3)
Horário: 19 horas
Local: Caixa Cultura
End.: Avenida almirante Barroso, 25 - Centro
Ao lado do metrô Carioca

OBS.: É necessário apresentar o convite abaixo no dia da abertura da exposição. É válido para duas pessoas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Salário mínimo e bolsa família geram polêmica








 
Alexandre Matos
Muito barulho por nada, ou melhor, por quase nada. Apenas cinco reais. Finalmente foi publicada no Diário Oficial, em 28/2, a lei que reajusta o salário mínimo de R$ 540 para R$ 545. O novo valor e a política de valorização do mínimo começaram a vigorar no primeiro dia deste mês. Este foi o menor aumento real desde o início do governo Lula, em 2003. Os parlamentares festejaram com orgulho a aprovação do reajuste. Por outro lado, o programa assistencial Bolsa Família teve aumento de 45,5 %. Resta saber por que a assistência à família foi privilegiada pelo governo em relação ao salário mínimo.

Especialistas informam que esses cinco reais de reajuste multiplicados por milhões de beneficiados (aposentados e pensionistas) podem provocar um rombo na previdência social. O resultado desta equação é R$1,36 bilhão a mais às contas públicas só em 2011. No total, os R$ 545 resultarão em R$ 7,84 bilhões aos cofres públicos no mesmo período contra R$ 2,1 do Bolsa Família. A solução encontrada pelo governo foi aumentar o valor do programa assistencial. Ao contrário do salário mínimo, o programa não causa impacto algum à previdência e ainda impulsiona a economia. Como bônus, Dilma garante a satisfação dos que votaram nela.


O que significa o reajuste do mínimo para o trabalhador?
  
Com cinco reais a mais no bolso, o cidadão poderá comprar bananas, o quilo da fruta custa pouco menos que isso. Após um ano de intensa negociação e jogos políticos, poderíamos dizer que parlamentares e Dilma dão bananas àqueles que os colocaram no poder. De acordo com a Lei nº 12.382, o valor corresponde a R$ 18,17 por dia. Isto significa que o aumento que o cidadão receberá depois de uma hora de trabalho (R$2,48) não vai dar para comprar uma garrafa de água mineral (entre R$2,5 e R$3), por exemplo. Poderíamos acrescentar à análise uma total falta de consideração com o pobre desgraçado que recebe um salário mínimo.

Solução que não causa prejuízo e faz a roda da economia girar

Dados da Presidência mostram que, com o reajuste do Bolsa Família, os valores destinados às famílias de baixa renda passam a oscilar entre R$ 32 e R$ 242 por mês. Como o percentual varia de acordo com a situação da família beneficiada, o reajuste pode chegar a 45,5%. Com isso, o aumento real de 8,7% acima da inflação do período de setembro de 2009 a março de 2011, supera a correção dada pelo governo ao salário mínimo (0,37%).

Dados como estes revelam as estratégias e pretensões do governo. Um salário mínimo baixo. Assistencialismo como válvula de escape – também já foi utilizada nos Estados Unidos, mas aconteceu na década de 50 e 60. Dar assistência a quem precisa não é crime, muito menos obrigação. O compromisso é dar condições para viver com dignidade.

A situação de um país não é nada boa se 29% dos trabalhadores ocupados recebem R$ 545, segundo dados do IBGE em 2009. É muita gente vivendo com tão pouco dinheiro. O resultado é o de sempre: propagação da pobreza, proliferação de favelas, conseqüentemente doenças resultantes das péssimas condições de alimentação e moradia, além do aumento da criminalidade. Estas e outras pragas, provenientes de administrações equivocadas, são uma grande oportunidade para promover o assistencialismo. O resultado é a garantia de se perpetuar no poder.

terça-feira, 1 de março de 2011

Dicas de diversão para celebrar o aniversário do Rio

Alexandre Matos

A cidade do Rio de Janeiro completa 446 anos hoje, 1º de março. Para comemorar a data, o Tudo em Pauta faz um roteiro de lazer que foge um pouco dos pontos turísticos mais famosos. Tem opção para todos os gostos. Desde atividades radicais e oficina para a criançada a museus.

 
Visual deslumbrante da Lagoa Rodrigo de Freitas pode ser contemplado do alto do parque

Quem quiser um contato maior com a natureza, e gosta de esportes de aventura, não pode deixar de ir ao Parque da Catacumba, na Lagoa. Arvorismo e escalada são a sensação do momento.

Lá, estas atividades são cobradas, mas é gratuita a caminhada pela trilha do belíssimo parque que fica bem em frente a um dos cartões postais mais conhecidos da cidade, a Lagoa Rodrigo de Freitas. O circuito oferece diversão para toda a família.


Um programão para o fim de semana. Guias e monitores altamente qualificados garantem o conforto e a segurança dos novos desportistas.


O parque está localizado na Avenida Epitácio Pessoa, 3000, na Lagoa, e funciona de terça a domingo das 9h às 17h30.

Outra dica é a Pista Cláudio Coutinho, na Urca. O nome é uma homenagem ao ex-técnico da seleção brasileira de futebol, terceiro colocado na Copa de 78, disputada na Argentina. Conhecida também como Caminho do Bem-te-Vi e Estrada do Costão, a pista possui 1.250 metros de extensão e está ao pé do Pão-de-açúcar.


Uma jóia escondida entre a rocha e o oceano Atlântico
O local é frequantado principalmente por desportistas, corredores e gente de bom gosto. Há, ainda, os que vão lá para pescar nas pedras que descem em direção ao mar. O visual é deslumbrante e os únicos barulhos são das ondas e dos micos querendo uma comidinha.

A preocupação com a preservação ambiental é tão grande, que é proibido entrar de bicicleta no local, assim como animais domésticos. Para ter uma idéia, diversos exemplares de pau-brasil foram plantados e dividem o espaço com espécies nativas e exóticas. A árvore que deu nome ao nosso país merece ser contemplada de perto. Faça uma visita, a entrada é grátis.

O Instituto Moreira Salles – IMS – está localizado no bairro da Gávea e possui uma área de 10.500 m², com jardins abertos ao público. Construída em 1951, a casa, que hoje abriga o centro cultural, era a residência da família Moreira Salles. Hoje, o espaço abriga exposições, sala de aula, biblioteca, auditório, cafeteria, loja de arte, ateliê e dependências para hóspedes. O espaço tem um charmoso cinema às margens de um córrego.
 
Educação através da arte
Cercado pela mata atlântica, o IMS é uma espécie de paraíso cultural. A especialidade do Instituto é fotografia. A instituição preserva os mais abrangentes acervos fotográficos do século XIX. São desenvolvidas, ainda, algumas atividades voltadas para o público infantil. Além dos passeios ao espaço, são oferecidos exercícios lúdicos e criativos para estimular as crianças a desenvolver um pensamento reflexivo sobre as obras.

O Instituto Moreira Salles fica na Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea.


Outra recomendação para os pequenos é o Museu da Vida, na Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz.
Só o fato de conhecer o centenário castelo mourisco já é motivo suficiente para ir a Manguinhos. No entanto, a Fundação propõe muito mais que isso.

O Museu da Vida oferece educação em ciência, saúde e tecnologia de forma divertida e inventiva através de exposições permanentes. Os pequenos mergulham no mundo da ciência através de atividades interativas, multimídias e em laboratórios.


A Instituição promove, ainda, peças de teatro e apresentação de vídeos relacionados à saúde, ciência e tecnologia. As crianças têm direito a um inesquecível passeio de trem pela Fundação. Todas as atividades são grátis. O museu abre de segunda a sexta, das 9h às 16h30. Aos sábados, funciona das 10h às 16h.

Presente de aniversário para o Rio de Janeiro
Depois de três anos fechada para restauração de obras, a galeria de artes do século XIX, do Museu Nacional de Belas Artes, reabre suas portas ao público. Situado na Cinelândia, a Paris carioca, o prédio de arquitetura francesa é uma atração a parte. Nele estão as grandes obras românticas, tanto em tamanho quanto em beleza.

 
A grandiosidade do museu começou com as obras de arte trazidas por D. João VI. Anos mais tarde, o conjunto foi ampliado com a coleção da Missão Artística Francesa. Ao longo do século XIX e início do século XX, o museu foi enriquecido com importantes incorporações. A galeria concentra num só espaço os mais significativos autores e obras produzidas no país, como Pedro Américo, Vitor Meireles e Almeida Júnior, o que faz do museu o mais importante do Brasil.

O museu abre para visitação de terça a sexta, das 10h às 18h. Sábados e domingos o funcionamento é das 12h às 17h. O ingresso custa R$ 5, meia custa R$ 2. Aos domingos a entrada é grátis. Um programa imperdível.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Globo abre mão de licitação para o Brasileirão 2012

Alexandre Matos
A Rede Globo desistiu oficialmente de concorrer à licitação dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro de futebol a partir de 2012. Com isso, a rival Record dá um passo importante para conseguir exclusividade.

Por meio de comunicado, a Globo informou que pretende dialogar direto com os clubes, individualmente. Segundo a emissora, o modelo do Clube dos 13  – a grosso modo, uma espécie de sindicato dos principais times do país - impede “qualquer perspectiva de um retorno compatível com os investimentos na compra dos direitos”.
Atualmente, a Rede Globo exibe os jogos do Brasileirão e ninguém tem dúvidas sobre a qualidade das transmissões e a competência de seus profissionais. O que deve ser discutido, porém, é o conforto do torcedor. Os jogos do meio da semana, por exemplo, acontecem, normalmente, às 22 horas. Isto porque a emissora não mexe em sua grade de programação – novelas, Big Brother.... por fim  o futebol. O torcedor, movido pela paixão, é obrigado a se deslocar até o Engenhão, ou outro estádio, às dez da noite, para ver seu time jogar. Uma covardia.

A Rede Record, por outro lado, não tem a tradição da rival em futebol, mas promete que as partidas acontecerão às 19 horas – um horário conveniente para todos. Quem sair do trabalho, por exemplo, pode aproveitar que já está na rua mesmo e ir ao estádio torcer pelo seu time sem chegar tão tarde em casa. Imagine sair do Engenhão a meia-noite - ou mais tarde, dependendo da competição -, sabendo que vai acordar cedo para trabalhar no outro dia.

Uma situação que leva à evasão dos estádios. Times muitas vezes ficam desfalcados da torcida, por conta dessa negociação. Os dirigentes dos clubes, por outro lado, não estão nem aí se estádio vai estar vazio, afinal, o dinheiro já está garantido com a venda da transmissão

As regras do jogo estão na mesa e todos sabem quem é quem. Resta saber se os clubes ainda vão se render à sedução financeira da Globo - ou de outra emissora que possa praticar a mesma covardia -, ou privilegiar o seu maior patrimônio, a torcida.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Dicas para o fim de semana – Duas peças profundas

Às vésperas do carnaval, o Rio de Janeiro oferece muito mais que samba. Para aqueles que procuram coisa mais séria, que trata da relação humana, recomendo duas peças muito especiais. Ambas com uma forte queda surrealista.

Com oitenta e cinco minutos, A Lua vem da Ásia - no CCBB até domingo (27/2) -, é um verdadeiro manifesto surrealista adaptado do livro homônimo do escritor mineiro Campos de Carvalho. O monólogo conta, em forma de diário, a trajetória de um homem incomum em busca de entendimento e justificativa perante a lógica do universo em que vive. Um questionamento sobre as pessoas, as coisas e o mundo. São situações que o autor parecia se encontrar.

Para se ter uma idéia, em 1997 (um ano antes de morrer) Campos de Carvalho concedeu sua primeira e última entrevista. O repórter perguntou se ele era feliz. Após um minuto e meio veio a resposta: “Não”. O repórter então arriscou: “Se o senhor pudesse mudar alguma coisa no mundo, o que mudaria?” Depois de mais um longo silêncio, Campos de Carvalho respondeu: “Nada”.

Assim era Campos de Carvalho, tão desconcertante quanto a peça baseada em seu livro e brilhantemente dirigida por Moacir Chaves. O ator Chico Diaz dá uma aula de interpretação valorizando ainda mais a história. Em determinados momento ele brinca com o público para quebrar a tensão, que não é pouca.

A Lua vem da Ásia está em cartaz até o próximo domingo (27/2) no CCBB. A sessão começa às 20 horas e o ingresso custa R$10.

Do centro para o Jardim Botânico. No Espaço Tom Jobim, mais um espetáculo sério e ofegante. A peça Não sobre o amor é baseada na troca de correspondências entre os escritores Shklovsky, importante teórico do formalismo russo, e a romancista franco-russa Elsa Triolet. A história, a beleza do cenário e as atuações de Leonardo Medeiros e Simone Spoladore conseguem prender a atenção do espectador por 120 minutos.


Quem pensa que é uma história de amor está muito enganado. A peça é também uma forma que o autor Shklovsky (exilado na Alemanha) encontrou para expor seu sentimento de solidão. A narrativa fala de ausência, saudade que move o exilado, de reconstrução da vida e readaptação daquele que se encontra fora do seu espaço original.

Para a montagem, foi instalado um cenário nada convencional, que pode ser considerado uma mistura de teatro, literatura e artes plásticas. A caixa-quarto é quase uma prisão, impessoal, onde a memória e os pensamentos vêm e vão, de forma desconexa, como num sonho. Móveis e objetos deslocados pela parede e teto dão um tom surreal à peça. Textos e imagens também são projetados na parede. Além disso, as interpretações de Medeiros e Spoladore são um show a parte.

Então, não deixe de assistir Não sobre o amor, sábados e domingos às 19 horas, no Espaço Tom Jobim. O ingresso custa R$ 50.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Os melhores do Oscar 2011

Alexandre Matos

Este Oscar 2011 promete. A entrega da estatueta será no próximo domingo (27/2), mas as apostas já começaram. Eu já fiz as minhas. E você já arriscou os seus palpites? Selecionei as premiações mais importantes – Filme, direção, roteiro e ator/atriz.
 
Meu filme preferido é Inverno da alma. O favorito, porém, é O discurso do rei, o que prova que uma história teoricamente simples, embasada por um roteiro perfeito e atuações brilhantes - de Colin Firth e Geoffrey Rush – é capaz de sensibilizar o público.

Para diretor, eu aposto em Tom Hooper. Graças à sua direção, O discurso do rei é o grande favorito ao Oscar deste ano. Colin Firth – O discurso do rei – leva o prêmio e ainda dispensa qualquer comentário. O inglês é um fenômeno no quesito atuação. Todos acreditam no que ele fala. Poucos atores conseguem fazer tanta coisa boa sem altos e baixos.


Páreo duro será a escolha de melhor atriz. Annette Bening e Natalie Portman vão travar uma disputa particular. Cisne negro foi feito sob medida para Portman, mas Annette Bening é uma referência para as outras atrizes.

Em Minhas mães e meu pai, Bening simplesmente brinca de atuar. O público acredita que ela é uma lésbica autêntica. Bom seria premiar as duas ao mesmo tempo. Como não é possível, torço por Natalie Portman pelo excelente trabalho em Cisne Negro.


Para ator coadjuvante, aposto todas as minhas fichas em Christian Bale, de O vencedor. Ele rouba a cena na IMPRESSIONANTE interpretação do ex-pugilista e viciado em crack, Dicky Ecklund.

Steinfeld pode desbancar Melissa Leo

 Atriz coadjuvante também pode sair de O vencedor. Melissa Leo mostra toda a sua experiência no filme, mas a disputa não será nada fácil, pois Hailee Steinfeld, de Bravura Indômita, está inspirada no longa dos irmãos Coen.




Enfim, torcemos para que Lixo Extraordinário vença como melhor documentário. O problema é que o concorrente americano, Inside Job, é também um bom documentário e fala sobre a crise financeira nos Estados Unidos, por isso tem grande apelo para levar a estatueta.





A sorte está lançada. Independente da escolha foi ótima a safra deste ano. Tanto o público, quanto a indústria cinematográfica ganharam com as indicações.
Segue a lista com os outros concorrentes:

Melhor filme:
A rede social
O discurso do rei
Cisne negro
O vencedor
A origem
Toy Story
Bravura indômita
Minhas mães e meu pai
127 horas
Inverno da alma

Melhor diretor:
David Fincher – A rede social
Tom Hooper – O discurso do rei
Darren Aronofsky – Cisne negro
Joel e Ethan Coen – Bravura indômita
David O. Russell – O vencedor

Melhor ator:
Jesse Eisenberg - A rede social
Colin Firth – O discurso do rei
James Franco –127 horas
Jeff Bridges –Bravura indômita
Javier Bardem –Biutiful

Melhor atriz:
Annette Bening –Minhas mães e meu pai
Natalie Portman – Cisne negro
Nicole Kidman - Rabbit hole
Michelle Williams - Blue valentine
Jennifer Lawrence - Inverno da alma