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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fim de semana chuvoso e com temperatura baixa no Rio de Janeiro. A dica é boa companhia para o cinema e depois um lugar aconchegante para fechar a noite

Alexandre Matos
Quem procura um filme leve, mas com conteúdo, não pode deixar de assistir Minhas tardes com Margueritte, do francês Jean Becker. O filme é classificado como comédia dramática, mas não tem nada de engraçado. Protagonizado por Gérard Depardieu e Gisèle Casadesus, o longa mostra a relação de afeto que se cria entre os dois estranhos. Um filme gostoso de ser assistido, principalmente pela delicadeza. O diretor aborda o tema com muita sensibilidade sem correria, nem gritos ou grandes rompantes dramáticos.

O rude Germain e a velhinha, apaixonada por livros, Margueritte se encontram por acaso no parque de uma cidadezinha no interior da França. Germain é um semi-analfabeto, que fala um monte de bobagens. Ao longo da história, percebe-se que o obtuso tem um coração enorme. Margueritte é uma senhora solitária, que mora num asilo. Ambos se tornam a companhia ideal um para o outro.
Inicialmente, uma conversa normal entre duas pessoas estranhas. Despretensiosamente, Margueritte recita versos e instiga Germain a descobrir a magia dos livros, que nunca fizeram parte da vida dele. É neste momento que aflora esta súbita, linda e eterna amizade. Os dois passam a se ver diariamente no mesmo parque, onde a doce velhinha lê livros para o bonachão Germain. O grandão mergulha no universo literário e é instigado a ler.

Minhas tardes com Margueritte segue até o fim sem cair no clichê. A direção perfeita de Becker não deixa o filme apelar para lágrimas. Os personagens são verdadeiramente humanos com histórias de vida comuns.

Outra ótima pedida é o documentário brasileiro Quebrando o tabu. O filme dirigido por Fernando Grostein Andrade nos remete a um debate frontal sobre a descriminalização das drogas. Com 80 minutos, o documentário faz um apanhado histórico sobre o uso de drogas pelo ser humano. A maconha fica em primeiro plano, apontada como menos nociva que bebidas alcoólicas e o tabaco. Mas outras drogas mais potentes também são abordadas. O tema divide opiniões e ainda é um tabu no Brasil. Portanto, esta é uma oportunidade de desenvolver o senso crítico e absorver diferentes opiniões.

O ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, funciona como um âncora do programa, mostrando situações e ações em diversos países. FHC faz uma análise ao debater o tema com especialistas e leigos. O filme apresenta ainda argumentos e declarações de personalidades como os ex-presidentes americanos Bill Clinton, George Bush (o pai) e Jimmy Carter. Além disso, expõe experiências do médico Drauzio Varella, do escritor Paulo Coelho e do ator mexicano Gael Garcia Bernal.


A direção usou com inteligência os recursos de arte gráfica, uma estratégia pouco explorada em documentários brasileiros. Com isso, o cineasta une equilibradamente animação e sobriedade sem perder o enfoque principal do filme: uma discussão aberta para por fim a esse tabu.

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